por Silvia Vinhas | silvia@silviavinhas.com.br
Ele fez história no São Paulo e se consolidou como um dos maiores goleiros de todos os tempos.
Desde que encerrou a carreira como jogador em 2015, Rogério Ceni nunca escondeu a vontade de ser vencedor também como técnico.
Começou grande e errou ao escolher comandar o São Paulo na estreia da nova função. Passou mensagem de arrogância ao pensar que por ter sido um grande goleiro e ter eficiência em entender o jogo, poderia “virar” técnico de time grande logo de cara.
Aprendeu a lição.
Saiu em busca de excelência e aprendizado.
Na Europa, acompanhou de perto os trabalhos de treinadores como Diego Simeone (Atlético de Madri), Jurgen Klopp (Liverpool), Mauricio Pochettino ( ex- Tottenham), Jorge Sampaoli ( ex-Sevilha) e Claudio Ranieri ( ex- Leicester)
Teve a humildade de aprender, e trabalhou duro antes de voltar ao Brasil. Rogério se aperfeiçoou num estilo de técnico diferente da maioria dos treinadores brasileiros, geralmente focados somente no futebol.
Estudou para seguir a linha do perfil “manager”. Ceni faz questão de se engajar nas diversas áreas do clube e de possuir um conhecimento detalhado dos setores e dificuldades. Acredita que tudo está interligado e busca pensar no todo.
Gosta e vibra com a intensidade à beira campo, mas se dedica também ao trabalho do dia a dia.
Se interessa pelas categorias de base. Sabe que é no próprio clube que os futuros ídolos devem ser formados, e se possível num alinhamento direto com o time principal.
Trabalha 24 horas, numa entrega que contagia a todos.
É normal passar horas na sede do clube, vira noites avaliando novas possibilidades táticas, estuda adversários, elabora novos treinamentos, enfim, é um apaixonado.
Rogério Ceni chega ao Flamengo com uma grande responsabilidade
É dele a missão de conduzir o clube na busca pelos três títulos restantes na temporada: Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil.
Com o elenco do Flamengo, um dos mais fortes do país, poderá impor o DNA ofensivo, utilizar o goleiro no modelo de jogo, e manter a filosofia de que os 11 jogadores devem defender e também atacar.
No mundo onde a informação viaja fronteiras num piscar de olhos, nenhum técnico tem mais a receita pronta.
Faltava apenas a aprovação dos jogadores e a benção de Zico.
Bem, então não falta mais nada. Basta vencer.
Ah, e se conseguir vencer o São Paulo, melhor ainda.
Não dava para Rogério dizer não. Primeiro, porque os jogadores o queriam — e querem. Segundo, porque o Flamengo é a grande oportunidade de sua carreira. O Flamengo permite o sonho de ganhar a Copa do Brasil, que jamais venceu, de ganhar a Libertadores e se tornar o sétimo técnico a ser campeão depois de vencer também como jogador e a chance de ser campeão brasileiro em seu segundo ano como treinador de Série A.
Há o pecado mortal de nosso futebol. Rogério faz com que o Brasileirão tenha quinze trocas de treinador em vinte rodadas e que, dos vinte clubes da primeira divisão, só Grêmio, São Paulo e Fluminense tenham o mesmo comando desde janeiro.
Mas o Flamengo tem chance de evoluir com Rogério Ceni. Pode ganhar todos os títulos e Rogério Ceni se tornar um dos mais importantes técnicos do país.